Coleção Handred Sergio Rodrigues

Texto Lançamento Coleção - Vifran

Por motivos de escala, proporção e tempo, colocamos roupas e móveis quase em cenários distintos, em um primeiro olhar. Mas há tantas intersecções, encontros e coincidências, que revelam mais intimidade entre peças de roupa e mobiliário do que podemos imaginar. Para quem ainda tem dúvidas, a Coleção Sergio Rodrigues, cuja primeira entrada, de três, chega quarta-feira (18.10) às lojas da Handred, é a resposta ideal. 

"Esse projeto com a Handred foi desde o início um desafio inédito. A primeira parceria que fizemos do Instituto Sergio Rodrigues num formato comercial, e a primeira vez que associamos a obra de Sergio ao mundo da moda. O entusiasmo legítimo, a forma séria e criativa como André Namitala conduz seu trabalho nos deu a confiança para seguirmos em frente", revela Fernando Mendes, nome-chave quando se fala no legado de Sergio, com quem trabalhou e conviveu por quase trinta anos, sendo sócio-proprietário da marca Sergio Rodrigues Atelier.

"As boas surpresas vieram já nas primeiras aprovações das estampas. Com um olhar muito particular André [Namitala] propôs soluções fora do comum que brincam com as formas e os desenhos trazendo frescor em novos suportes para a obra de Sergio Rodrigues", antecipa ainda. Em falar nelas, as estampas, há três destaques: Perspectivas, Personagens e Cuiabá. A primeira, como o nome sugere, traz episódios do cotidiano em versão colorida com quê de aquarela. Em Personagens, um perfume seventies P&B enriquecido por minuciosos bordados. E, não menos importante, Cuiabá que celebra uma das linhas mais célebres de Sergio, sendo menos figurativa e mais gráfica. 

O mais impressionante é que diante de uma prolífica produção e acervo, o diretor criativo se dedicou em eleger clássicos Rodriguianos e, ainda, revelar alguns croquis inéditos. "Maior desafio foi sintetizar algo tão grandioso. Em determinado momento, tive que pensar 'opa, preciso parar aqui e me aprofundar'. Só assim conseguiria entregar essa coleção. Aprendi com esta colaboração, o poder de síntese, como existem tantas possibilidades em apenas dois materiais, couro e madeira. Essa pureza fez eu ver ainda mais pontos em comum entre nossos ofícios. Ambas são figuras de linguagem, formas de se expressar: assim como você se veste e transmite uma mensagem, o interior da sua casa revela sobre você tanto quanto. Além disso, descobri ainda mais sobre conforto, algo que já existia na minha roupa e floresceu ainda mais nesse contato", reflete André Namitala. 

"Para mim foi como uma faculdade, conviver com essas duas pessoas [Renata Aragão e Fernando Mendes] que conheceram ele pessoalmente e foram tão generosos, já que me abriram as portas em tantos sentidos e lugares: do Atelier, do Instituto, da própria casa", finaliza. A Coleção Sergio Rodrigues, que será desfilada durante o SPFW, começou a ser negociada há dois anos e o processo criativo e de troca entre os ateliês da marca Handred e de Sergio Rodrigues, pouco mais de um ano. Mas o encontro não será celebrado apenas no desfile: além de apoiar durante todo um semestre o núcleo de arquivamento do Instituto Sergio Rodrigues, todas as cinco lojas da Handred serão mobiliadas com peças SR, tendo ainda a caminho um doc sobre a colaboração, uma exposição e o lançamento de um zine – todos para o último trimestre de 2023. 

Quanto à coleção em si, é uma das mais robustas da Handred, tendo mais de 100 peças limitadas, nos característicos materiais da marca: linho, seda, veludo e, também no inesperado couro, trabalhado de uma forma bem suave e zero invernal. Saltam aos olhos os bordados de madeira, fruto da expertise entre ateliês, além dos que reproduzem objetos e móveis em pequenas escalas 2D. Somada a silhueta livre e despretensiosa da Handred foram agregados exercícios com novos volumes e proporções – especialmente no feminino. Na cartela, além dos esperados tons de madeira, há uma combinação bem Rodriguiana de vermelho vibrante e pistache (cores preferidas de Sergio). Utilitária, com um humor e olhar modernistas, além de uma sensualidade brasileira, que mais convida do que intimida. Em uma palavra: genuína. 

*Parte do resultado das vendas da Coleção Sergio Rodrigues será revertida ao Instituto Sergio Rodrigues. 

Sobre Sergio Rodrigues:

Sergio Rodrigues (1927 – 2014) é o maior nome do design de mobiliário nacional, conhecido no Brasil e no exterior como o criador do móvel genuinamente brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro, entendeu logo na infância o sentido da palavra design ao conceber e confeccionar os seus próprios brinquedos: carrinhos, barcos e aviões.

Formado em 1952 na Faculdade Nacional de Arquitetura do Brasil, no Rio de Janeiro, Sergio apostou desde o início na criação de um mobiliário que acompanhasse a inovação da arquitetura brasileira, que na década de 1950 ganhava notoriedade mundial. Sergio acreditava que os móveis deveriam refletir a cultura de sua origem e proporcionar o conforto adequado ao clima e ao nosso jeito mais descontraído de viver, numa época em que se valorizava o móvel estritamente funcional e o design internacional.

Sobre Instituto Sergio Rodrigues:

Fundado em outubro de 2012 no Rio de Janeiro, o Instituto Sergio Rodrigues é uma associação sem fins lucrativos com o objetivo de preservar o acervo do mestre e disponibilizar para o público em geral, principalmente para estudantes e pesquisadores do Brasil e do mundo, o conjunto de sua obra, bem como promover e incentivar o conhecimento e o diálogo sobre a arquitetura e o design brasileiros.

Sobre Sergio Rodrigues Atelier:

Sergio Rodrigues Atelier produz parte da coleção Sergio Rodrigues de forma artesanal, seguindo técnicas tradicionais de marcenaria, todas as suas peças são numeradas e certificadas.  Transmite o modo de ver e viver a vida do mestre do design brasileiro. A marca resgata sua história por meio de peças de mobiliário singulares, o que estimula sensações e instiga o desejo de quem valoriza viver experiências com beleza e prazer. Os profissionais que se dedicam a perpetuar o legado de Sergio Rodrigues são movidos pela paixão e pelo entusiasmo de dar vida a projetos singulares e atemporais.