Coleção Santa Teresa

Santa Teresa é dourada como o Rio deve ser. Um lugar onde os séculos se encaram e começam a brincar. Bairro de vistas e alvoradas que acorda a criança interior e despenteia o futuro. Materializar esse portal, o vestir, é como brincar de folia, memória e desejo.

Nosso desfile de hoje é uma celebração, um desenho de feitiço entre as artes. Brindamos sons e cores. Em Santa comemoramos 10 anos de Handred. Dançamos sobre paralelepípedos de seda: ora rígidos em tiras, ora esvoaçantes. Ora recortados, ora amplos. Um só motivo que passeia por alturas e espessuras. Peças que nos ligam a tantos compassos.

Os arquedutos são solares e ondulam. Nostálgicos arcos de tafetá sobre o shantung — o nosso ofício manual em riscos maiores e arquitetônicos. Quando a criatividade está livre, ganhamos caminhos.

Os azulejos históricos inspiram linhas orgânicas de organza. O tempo nasce em folhagens nos rejuntes. Cresce a vida das samambaias, espalhadas por ladeiras e mirantes, nas sombras das Paineiras. É lindo contemplar a brisa nelas.

A coleção, para ganhar corpo, se veste de samba, jazz e vento. A paleta é quente, é como o momento. Bares bordados, cenas pintadas, volumes translúcidos. Armações aparecem - inéditas para nós — como palco para os nossos tecidos. O vidro, em infinitos canutilhos, reluz o brilho que essa homenagem deve ter.

Antes da nossa apresentação, o contexto: um mini documentário com presenças do bairro. Forças que habitam, constróem e criam por lá. Sandra, Diógenes, Arjan, Luzia, Fabiano e Clara.

Ecoamos também os contornos de Heitor dos Prazeres, as cores de Djanira, os acordes de Pixinguinha. Tudo o que faz vibrar as curvas eternas de Santa Teresa. Mistérios. Batuques. Beleza.